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Mãe!



Mãe! Porque não me ensinaste a acalmar as inquietações, a calar a mente para erradicar todas estas ansiedades e projeções?

Mãe! Porque não me ensinaste a enterrar o passado? Porque não o enterraste comigo, depois de o termos celebrado?

Mãe! Porque não me disseste que o tempo não passa de uma ilusão? Esse e o espaço. Esse que mente com os dentes todos que tem na boca para nos fazer acreditar que somos apenas matéria. Mera matéria, sólida e estática.

Mãe! Tenho medo. Tenho tanto medo. Porque não me ensinaste a não ter medo? A confiar?

Aprendi as roupas que devo vestir, as comidas que devo comer, as máscaras que devo encarnar. Mas mãe! Porque não me ensinaste a ser? Porque não me ensinaste a sentir o que não se vê? Sentir o presente, a verdade, a autenticidade, a liberdade. Sentir o todo para finalmente ser luz e iluminar toda esta escuridão.

Mãe! Tu que já tens tantos anos neste universo sem data, diz-me como se sente tudo isso! Como se torna no que é? Estou tão perdida, Mãe. Tudo o que pensa em mim é a mente e não a alma. Como se pensa a alma? Como que confia no que é invisível? Como se confia no que não tem tradução, explicação?

Mãe! Como te sinto, para finalmente sentir que ainda estou dentro de ti? Dentro do teu útero. O útero que criou o Universo inteiro. Como regresso a esse lugar no qual as palvavras nem interessam, esse lugar de energia inigualável, de nutrição, de conexão. Mãe! Ensina-me o caminho de volta. De volta a casa. Tenho saudades de casa, mãe...


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