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(Des)instrução




Nasci redondinha, depois fiquei mais cheiinha, até chegar a gordinha. Chamaram-me gorda, mas não faz mal porque, entretanto, emagreci. Voleibol, corrida, cereais fitness com leite magro ao jantar. Abdominais, abdominais, abdominais! Rock às duas da manhã para saltar, saltar, saltar! Uf, finalmente, perdi 300 calorias na passadeira. Olhem para mim, já entro nas calças da minha mãe, 34. Mãe, estou mais magrinha? Estás filha, mas come, come que os homens gostam de chicha. Agachamentos, agachamentos, agachamentos. Já me elogiaram o rabinho, mas ainda me chamam tábua rasa. Se comer mais um pedacinho, talvez elas cresçam um bocadinho. Shit! Voltei ao 38. Não resisti às múltiplas sobremesas do Natal, nem do Ano Novo. Nem tinha muito fome, mas a avó estava a olhar. Vou experimentar o kickboxing, pode ser que ao menos se vá o músculo do adeus. Miúda, estás ótima, estás a brincar? Só precisas de gozar. Come o que te apetecer, treinas um bocadinho e ficas com tudo no sítio, ou não, mas quem é que se importa. Pois, falar é fácil. Como se para? Onde está o botão? Já estou no ponto, mas como me livro desta pressão? Será que alguém escreveu um guia de instruções de como ser feliz sem ouvir opiniões?


Photo by João Silas on Unsplash

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