Estados de Consciência
E se hoje não tomares o café da manhã?
Nem o pãozinho com manteiga?
E se não olhares para as notícias?
Nem abrires as mensagens no telemóvel?
E se não fumares esse cigarro?
Nem o charro
Nem beberes o copinho de vinho, o só do almoço?
E se nem comeres o dia todo?
Nem beberes?
Nem dormires?
Talvez assim
Livrando-te de qualquer distração
Ou atrevo-me a dizer - alienação
Talvez assim te apercebas
Que ser, simplesmente, é mais que suficiente
Que te apercebas de como, mesmo que não estejamos a ser conscientemente diariamente, sempre somos um todo que é ao mesmo tempo, constantemente
Que cada presente, cada pestanejar de olhos é um milagre
E que mesmo quando nos movemos por essas ruas alienadas
E que mesmo quando trocamos palavras aborrecidas, irritadas
Seguimos fluindo
Fluindo individualmente e formando um fluxo que é o todo
Um todo visto lá bem de cima
Mas até pensar na noção de cima
Agora que estou mais consciente que ontem
Me parece desapropriado
Porque na realidade
Na realidade do que é essa essência
Não passa tudo de vazio.
E isso a que chamamos de cima e baixo
Esquerda e direita
Tu e eu
Não existe realmente
Apercebe-te que somos tudo, em todo o lado, a todo instante
Ao mesmo tempo que somos nada, em lado nenhum, em instante algum
Porque quando te aperceberes
Talvez trates tudo e todos como se tratasses a ti
E pode ser que então ames o universo inteiro
Para o universo ser amor
Para voltarmos ao café da manhã mais tranquilos
E começarmos tudo outra vez.
...bom...gostei...vais no trilho certo...abraço...